terça-feira, 13 de julho de 2010

SEMIÓTICA E LEITURA: O FAZER-RECEPTIVO DO LEITOR ANALISTA

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE AJES – ASSOCIAÇÃO JUINENSE DO ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA DISCIPLÍNA: SÓCIO-SEMIÓTICA DOS ESTUDOS LITERÁRIOS SEMIÓTICA E LEITURA: O FAZER-RECEPTIVO DO LEITOR ANALISTA JUINA/MT OUTUBRO/2009 INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE AJES – ASSOCIAÇÃO JUINENSE DO ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU (LINGUISTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA) DISCIPLÍNA: SÓCIO-SEMIÓTICA DOS ESTUDOS LITERÁRIOS
       
 LUIZ CARLOS MOREIRA RAMO MANTOVANO SEMIÓTICA E LEITURA: O FAZER-RECEPTIVO DO LEITOR ANALISTA Trabalho apresentado para o Curso de Pós Graduação Lato Sensu LINGUISTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA como requisito para complementação da disciplina (SÓCIO-SEMIÓTICA DOS ESTUDOS LITERÁRIOS) Prof. Ms. Aroldo de Arruda JUINA/MT OUTUBRO/2009
INTRODUÇÃO A SEMIÓTICA
A semiótica surgiu há 2.500 anos, como mecanismo para traduzir o significante das teorias religiosas e hoje é considerada a ciência que estuda os signos. A explicação da semiótica na idade média surge no ciclo vicioso, teoria desenvolvida por Platão sobre o mito de ER na qual tem-se no plano espiritual a alma e o plano terreno o corpo. Para Platão, o mito de ER era uma alma rebelde que não bebe da água do esquecimento na transformação do corpo para a alma. Nesse mito a alma que bebe da água do esquecimento reencarna como uma nova alma sem se lembrar dos acontecimentos do passado, purifica em uma nova encarnação. ER não bebeu a água do esquecimento e conhece o significado de não beber a água, colocando em prática o ciclo vicioso. Aurélio Augusto /Santo Agostinho é o homem que teorizou o ciclo vicioso (teologia). Para a teologia a alma deixa o corpo de descasa com Deus, não retorna para terra reencarnada em outro corpo. Um dos escritores que faz a crítica em relação a esse aspecto é Humberto Eco com o livro “Em nome da rosa” e Alan Cardec que escreveu o evangelho segundo o espiritismo e depois bebeu a água de Santo Agostinho e Platão. ESTUDO DA SEMIÓTICA Objeto de estudo: signo e semiose. Dentre esses estudos temos: Tese: a afirmação, Antítese: a negação da afirmação(tese), Síntese: a negação da negação dando origem a uma nova afirmação. A semiótica é ciência que estuda tudo sobre a ótica do signo. Nessa abordagem destacamos alguns pensadores que explicam a existência da semiose. Para Immanuel Kant o indivíduo deve preservar tudo que é de bom e ruim, (o principio das coisas) a essência que esta no significante. Humberto Eco (1832) traduz os signos dentro do clero para publicar só o que lhe interessava. Charles Sander Peirce Afirma que signo é a causa mediata e o objeto e a causa mediana. Ferdinand de Saussurre em suas abordagens faz uma Relação didática, entre signos e contexto. Para ele significado é uma imagem acústica. Para Morris e Greimas existe a relação triádica que seria o interpretante (signo) e objeto: Em sua categoria universal, classifica os signos seguindo três categorias: 1- primeiridade (abstrato, possibilidade), 2- seguridade (concreto, choque, conflito). 3- Terceridade (abstrato, regra, padrão, generalização) Para funcionar como signo, são necessários três peculiaridade (sua mera qualidade: quali-signo, sua existência: semi-signo, seu carater de lei : legi-signo. São três propriedades comuns a todas as coisas: pela qualidade pode ser signo, pela existência tudo é signo e pela lei tudo deve ser signo. Na comunicação temos: Ícone (primeiridade) é sempre uma representação de algo que mexe com nosso imaginário e abstrato, uma inquietação. Índice (secundidade) gera conflito está diante daquilo que foi apresentado abstratamente (conflito) ex: eu quero passar em Minas Gerais e minha esposa quer passar Santa Catarina, há um conflito entre as ideias. Símbolo (terceiridade). ex: aliança é o símbolo da união Semiótica é doutrina formal dos signos O homem como ser de linguagem (existem ainda hoje 3500 línguas naturais distintas. A língua e seus discursos constituem em conjunto, um processo semiótico que produz, sustenta e reflete o sistema de crenças, o imaginário coletivo e o Saber compartilhado sobre o mundo. Teoria geral dos signos A semiose é um processo de revelação que envolve em sua natureza possibilidade de engano ou atração. Todo método que revele algo (alguma verdade sobre o mundo, ou alguns aspectos sobre o mundo ou algum campo). Na teoria de Pierce o mundo é uma cadeia de signos a ser elucidada pelos homens e o homem um signo a ser compreendido por ele mesmo. ESTUDO DO ARTIGO NERIS, Leandro de Oliveira: Semiótica e leitura: o fazer-receptivo do leitor analista (USP-FFLCH/DL). Estudos Semióticos - número dois – 2006. ANÁLISE CRÍTICA. Este artigo objetiva investigar a partir de uma analise semiótica, do fazer respectivo do aluno, questões concernentes à leitura e interpretação de textos literários. Na primeira citação PROUST, M. diz que o (romancista) desencadeia em nós, durante uma hora, todas as venturas e todas as desgraças possíveis, algumas das quais levaríamos anos para conhece-lá e outras as mais intensas dentre elas que jamais nós conseguimos revelar, pois a lentidão com que se processam nos impede de percebê-las. PROUST, M nos mostra através dessa citação que um texto ou uma obra pode estar muito além de nossa capacidade de compreensão, que às vezes levaríamos anos ou passamos a vida toda e não conseguimos compreender. E que só através da leitura que podemos perceber isto, que podemos ter a noção dessa dimensão. As investigações deste texto esta pautadas em investigar a leitura e interpretação de textos literários de alunos do 3° ano do ensino médio que mostra que as práticas pedagógicas vigente das escolas brasileiras não estão preparadas para desenvolver as competências e habilidades para a leitura e interpretação de texto. Os alunos terminam o segundo grau sem desenvolver um saber-interpretar. Este texto coloca o sujeito leitor e intérprete no centro de nossas preocupações e nos faz retomar as inquietações: Qual é a competências dos alunos para ler e interpretar? As práticas pedagógicas vigentes estão desenvolvendo nos alunos essas habilidades? E busca analisar o que se lê e como se lê por meio dos textos. Os alunos do 3º ano do ensino médio, pela sua longa trajetória de escola deveriam ter a competência de interpretação dos mais diversos tipos de textos, más não é isso que acontece na realidade. A maioria das aulas de interpretação consistem em responder questionário com perguntas que não representam nenhum desafio intelectual ao aluno e não contribui para o entendimento global do texto. Temos em sala de aula professores que não incentivam a leitura e se esconde atrás de certos tipos de avaliação para que não seja avaliado pelo aluno nem mesmo seja questionado, produz questões fáceis para que os alunos não atinjam um nível crítico, pois, para tornar um aluno crítico o professor tem que ser crítico, tem que estar preparado para ser cobrado. Este trabalho teve como suporte teórico a Teoria Semiótica da escola de París e elementos dos estudos de D. Maingueneau e de M. Bakhtin. Para a teoria semiótica, a leitura é essencialmente uma semiose, uma atividade primordial cujo resultado é correlacionar um conteúdo a uma expressão dada e transformar uma cadeia de expressão em uma sintagmática de signos. Tal performance pressupõe uma competência do leitor, comparável, ainda que não necessariamente idêntica, à do produtor do texto. Se, no momento da leitura normal, o fazer receptivo e interpretativo do enunciatário-leitor continua implícito, sua explicitação, sob forma de procedimentos de análise estabelecidos, tendo em vista a reconstrução do sentido, constitui tarefa da semiótica. Nessa perspectiva, entende-se por leitura a construção, ao mesmo tempo sintáxica e semântica, do objeto semiótico que explica o texto-signo. (GREIMAS, COURTÉS, s/d [1983]: 251-252). Nessa citação GREIMAS, diz que a competência do leitor analista vai muito além da simples leitura. O leitor ao ler produz seu próprio texto através da interpretação de inferências implícitas deixadas pelo produtor do texto. A partir deste conceito estabelecido pela semiótica julgamos necessário distinguir inicialmente duas posições frente à leitura: uma é observar o leitor inscrito no texto, visto pela semiótica como a figura do enunciatário e outra esta voltada para a ação externa considerando o leitor no momento da leitura. Leitor analista “o fazer-recepitivo”. Inicialmente convém estabelecer parâmetros que situem a realização deste trabalho, é necessário que seja usado um texto curto para que os alunos possam entender lendo e relendo o texto. A intenção é fazer com que os alunos desta série tornem-se mais leitores e que ao interpretar um texto o aluno tem de conhecer o tipo de texto que está sendo lido. No discurso há duas formas lingüísticas: o enunciador e o enunciatário. O fazer interpretativo do enunciatário que responde ao fazer persuasivo do enunciador, o enunciador propõe um contrato que estipula como o enunciatário deve interpretar a verdade do discurso e a interpretação depende, assim, da aceitação do contrato. O parecer verdadeiro é interpretado como ser verdadeiro, a partir do contrato de veridicção assumido. (BARROS, 1988: 94) Para a semiótica o leitor real está fora de seu horizonte teórico, deve-se tentar apreendê-lo, "semiotizar o ato de leitura" estudando o fazer-receptivo sob a descrição semiótica. Abaixo teremos o texto “Presente dos Reis Magos” e uma interpretação mais profunda do ponto de vista da semiótica. Produção escrita – texto analítico de um aluno da 3ª série do ensino médio, tendo como suporte a leitura do conto “Presentes de Reis Magos” do escritor O. Henry. Presentes de Reis Magos é um texto que nos mostra a dificuldade de dois jovens, que fazem de tudo para agradar um ao outro. Moram em um pequeno apartamento, mobiliado por apenas oito dólares semanais, bem pobre. A história que ocorre na véspera de Natal, nos passa a mensagem de companheirismo, o sacrifício que às vezes passamos para agradar as pessoas que gostamos muito Mas, infelizmente, o sacrifício que Della fez por Jim - o de cortar o seu lindo cabelo - não vale a pena; já que a corrente de platina que serviria como suporte para o belo relógio de Jim, de nada serviria; infelizmente ele havia vendido seu relógio para também agradar sua esposa. Della ganha o presente que tanto queria, os pentes que tanto namorara na vitrine da loja; enquanto seu marido acabou com um presente que parecia ser bonito, mas de nada serviria. Mas o que realmente importa, nem sempre é o presente si, mas sim a intensão, o amor, o carinho que leva a pessoa a dá-lo A partir deste texto interpretativo podemos detectar e assimilar os pontos de estímulos dados pelo texto. No primeiro ao terceiro parágrafo temos a representação do ícone, representada pelo Papai Noel e os presentes que foram dados pelos Reis Magos. Temos também a tese que é a afirmação da história e onde ocorreu. No quarto parágrafo temos índice, onde começa a acontecer os conflitos e antítese que seria a negação da tese dada no início no uso da palavra “mas” que tem o papel de indicar uma contrariedade. No fim do texto temos novamente a palavra “mas” indicando a contrariedade ou síntese que consiste em uma conclusão para o interpretador que a entendeu, mais ainda abstrata para o leitor que ficou no vago. A síntese é a negação da negação e que dá forma a uma nova afirmação. Temos neste ultimo trecho o símbolo “o amor”. Para fazer uma interpretação é necessário que os alunos aprendam todos os requisitos de uma boa leitura e que o professor elabore suas aulas para não ficar somente em perguntas respostas, deve fazer com que os alunos busquem as inferências inscritas no texto. Nesse texto interpretativo descrito pelo aluno, podemos detectar e assinalar os pontos de estímulo e as inferências dados pelo texto de O. Henry , percebidos por nosso leitor. Como e por que nosso leitor observou temas e figuras do discurso? Como a questão da pobreza, do sacrifício e da abdicação dos bens materiais em virtude do amor é percebida? As estruturas do texto são entendidas como a matriz básica para a interação entre texto e leitor. A constituição do texto do aluno se dá através do entrelaçamento de seu universo de consciência discursiva com o do texto lido, isto é, o aluno interpreta o texto de acordo com suas experiências de mundo e sua produção interpretativa aluno é sustentada no texto que lhe deu origem. O sacrifício foi verificado pelo percurso passional que explicita a relação dos sujeitos e seus objetos, em que os sujeitos tiveram que vender o que tinham de mais valioso para agradar um ao outro. Em nossa amostra, o aluno não apresentou indícios de um apoio em um aparato teórico-metodológico adequado para descrever a gramática interna do texto. Ele apresentou suas reais competências adquiridas ao longo do percurso escolar para interpretar o texto literário proposto. Tais competências dizem respeito, fundamentalmente, a um "saber parafrasear", em que não há uma análise da linguagem. Presentes de Reis Magos é um texto que nos mostra a dificuldade de dois jovens, que fazem de tudo para agradar um ao outro, moram em um pequeno apartamento, mobiliado por apenas oito dólares semanais, bem pobre. A história que ocorre na véspera de Natal, nos passa a mensagem de companheirismo, o sacrifício que às vezes passamos para agradar as pessoas que gostamos muito. A paráfrase deve ser concebida como um dos dois modos de produção e de reconhecimento da significação e mais precisamente, como o modo paradigmático, em oposição ao modo sintagmático, que consistiria na sua apreensão enquanto intencionalidade. Greimas e Courtés (s/d [1983]: 326). Parafrasear é descrever o próprio texto com outras palavras seguindo as estrutura organizacional sem perder a semântica do texto origem. Para produzir uma paráfrase o leitor tem que ter a competência de reconhecer as inferências inscritas no texto. No texto “Presente Dos reis Magos”, o aluno demonstra suas competências em parafrasear e descreve essas inferências de acordo com o conhecimento que já tem adquirido em seu meio social.

2 comentários:

leneris disse...

Ola Luiz...

Descobri seu blog e vi que você faz referência a um trabalho meu.
Parabéns pela iniciativa de fazer circular o saber.

Leandro Neris

luizao disse...

olá Leandro , fico feliz em ter estudado seu trabalho e poder passar um pouco de conhecimento para as pessoas fico feliz de ter seu comentário em meu blog. Abraço!