sexta-feira, 16 de julho de 2010

" A TRÍADE PARNASIANA"



LUIZ CARLOS, ALAN E ANDERSON

"VOCÊ"

Em um certo dia
Sem que eu quisesse
Conheci VOCÊ
Era um dia como outro qualquer
Mas, que parecia ter algo diferente a minha espera
E sem que eu soubesse ou percebesse
Começou a noite
O luar estava lindo para se observar
Olhava as estrelas e nelas sentia o gosto de estar sozinha
O gosto de estar livre
De não ter ninguém pelo qual devesse satisfação
De repente um "AMIGO"
Começava a falar besteiras, não entendia nada
Mas sabia que algo naquela noite iria acontecer
Esse amigo sugeriu que todos nos cumprimentássemos
Com um forte abraço
Mas no nosso caso
Foi um abraço carinhoso( como hoje você diz)
E sem que eu percebesse nós nos abraçamos e
Foi naquele forte e carinhoso abraço
Que te conheci
Que olhei
Que te senti
Passamos a conversar
Como se já nos conhecêssemos
Mas tudo isso mexeu comigo
Com meu coração
Com meus sentimentos
E as coisas foram acontecendo
Estava tudo muito mais além
Do que meus olhos pudessem enxergar
E o que estava acontecendo entre nós
Era muito forte
Envolvente
Ia simplesmente acontecendo
E da maneira que eu não queria
Não queria por que sabia que alguma coisa em você
Me chamava a atenção
Pois percebi em você a sua sinceridade
A sua honestidade
A sua simplicidade
O seu carinho
O seu olhar
Tudo que sempre quis
Sabia que isso poderia mexer comigo
Mas tratei logo de disfarçar
Falava que não existiria a menor possibilidade
De eu e você sermos um dia NÓS, ou
De que um dia me veriam ao seu lado,ou
De que poderia realmente sentir algo por você
Mas hoje consigo ver
Tanto no meu olhar quanto no seu
O que esatmos sentindo...
O que estamo vivendo...
Estamos bem,
Estamos alegres,
Felizes,
Contentes,
E para mim
Isso é o que importa
Estar sorrindo
E você com esse seu jeito de ser...
Me faz sorrir!
Me faz sentir!
Me faz gostar!
Me conquistou !
Com seu olhar!
"TE ADORO"
AUTORA: ELIANE MANTOVANO

CANTIGAS DE AMOR

A Dona que amo
E tenho por senhor
Neste momneto está distante
Meu pensamento devaneia
A procura de sua imagem
No vago mundo solitário
Encontra-a
A diatância não importa
Meu sentimento não intorta
Meu coração não suporta
De dor e amor chora
O pranto que cai
Se transforma em um mar
Nas ondas vou navegando
E consigo te achar
Um desabafo, preciso te ver
Te sentir, te tocar
Nas noites sem sono
No abondono você vem
Em sonho
Pois enquanto eu estiver sonhando
Estará comigo
E entre os sonhos o sonho mais lindo
É viver este amor
Procuro resquíscios de nossso amor
Que com facilidade encontro
E mais uma vez caio em pranto
"A dor é opcional" 1
O sentimento é inevitável
Amar todos amam
Feliz daquele que ama e é amado
E o melhor de tudo é viver este amor
"o amor tudo suporta"2
Aprendendo a viver
Com um mundo que ensina
Uma vida uma sina
De que nem o tempo
Nem a distância pode separar um amor
Apenas a morte é capaz de acalantar um coração
Que de calor mesmo pós morte
Pode sentir esta dor
E atravessar gerações
AUTOR: Luiz Carlos Moreira Ramo Mantovano
1(Carlos Drummond de Andrade)
2( 1 Coríntios 13)

"Poesia à Amada" "Desabafo a pessoa que amo.

Quando disse-me o que estava sentido
Eu precisei parar para pensar
O meu coração parou para pensar
O mundo e as maquinas pararam por um minuto
Disse-me que não sabia explicar o que sentia
Que apenas era algo forte, muito forte
O meu sentimento cresce através do seu
Quando resolvemos decidir nossas vidas
Disse a você que queria ver sua felicidade
E falei para você correr atrás dela
Não importasse o que as pessoas falassem
Você teria que por seu sentimento
Em primeiro lugar
Sofri muito, mais queria te ver bem
Nesta vida passamos por tantas dificuldades
Que aprendemos a conviver com ela
Saber que estava com outro era ruim
Mas, eu vou vivendo a vida
Ao seu lado o tempo passa
Que az vezes nem percebemos
Quando estou longe o mundo
Parece que para, e estou convicto que sim
Se não para, ao menos gira mais devagar
Você me faz rir
Me faz viver
Me faz sonhar
Quando fico ao seu lado
As palavras fluem naturalmente
A minha boca fala sobre amor
Com amor sentindo seu calor
Tentamos fugir do destino
Mas se isso e força dele
Quem sou para lutar contra?
Um simples mortal.
Quando sua mão toca meu rosto
Fico sem graça manhoso,
Quando me sorri
Fico todo encantado
Com a expressão de sua linda boca
O seu cheiro fica em mim
Sua voz ecoa em minha cabeça
Lembro como se fosse hoje
O dia em que nos conhecemos
E eu agradeço a deus por esse momento.por ter enviado você
você estava linda
Quando vivo o seu lado
A tinta de minha pena parece nascer
Longe, ela seca
Você é a inspiração de poemas, meus lemas, meus temas
Se um dia não conseguimos ficar junto
Posso dizer
Que meu verso não terá mais sentido
As palavras a mesma magia
A minha vida será vazia
Mas se ficarmos juntos
O mundo será só alegria
E pra mim apenas uma pessoa existiria

VOCÊ

terça-feira, 13 de julho de 2010

AFRO-DESCENDENTES E EDUCAÇÃO: UMA LEITURA DE CULTURA E CURRÍCULO ESCOLAR PELA LENTE DOS ESTUDOS CULTURAIS

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE AJES – ASSOCIAÇÃO JUINENSE DO ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA DISCIPLÍNA: ESTUDOS DE CULTURA, PODER E LINGUAGEM AFRO-DESCENDENTES E EDUCAÇÃO: UMA LEITURA DE CULTURA E CURRÍCULO ESCOLAR PELA LENTE DOS ESTUDOS CULTURAIS JUINA/MT FEVEREIRO - 2010 INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE AJES – ASSOCIAÇÃO JUINENSE DO ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA DISCIPLÍNA: ESTUDOS DE CULTURA, PODER E LINGUAGEM  

LUIZ CARLOS MOREIRA RAMO MANTOVANO AFRO-DESCENDENTES E EDUCAÇÃO: UMA LEITURA DE CULTURA E CURRÍCULO ESCOLAR PELA LENTE DOS ESTUDOS CULTURAIS Trabalho apresentado como requisito para complementação da disciplina ESTUDOS DE CULTURA, PODER E LINGUAGEM do Curso de Pós Graduação Lato Sensu em LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA. Prof. Ms. Aroldo de Arruda JUINA/MT FEVEREIRO - 2010 ESTUDO DO ARTIGO SOBRE AFRO-DESCENDENTES E EDUCAÇÃO: UMA LEITURA DE CULTURA E CURRÍCULO ESCOLAR PELA LENTE DOS ESTUDOS CULTURAIS. MARQUES, Eugenia Portela de Siqueira – UCDB - GT Afro-Brasileiros e Educação / n.21
EDIVINO DIAS MATTEUS LUIZ CARLOS MOREIRA RAMO MANTOVANO
RESUMO: Este artigo aborda as contribuições dos estudos culturais, em relação à diversidade dentro de cada cultura, suas multiplicidade e complexidade, orientada pelas hipóteses de que entre as diferentes culturas existem relações de poder e de dominação que devem ser questionados, destacando o tratamento dado à cultura negra no espaço escolar considerada como inferior, pela lógica da homogeneização da cultura branca e o resgate à contribuição do negro nas áreas social, econômica e políticas. PALAVRAS-CHAVE: Afro-descedentes, cultura, diversidade, espaço escolar. INTRODUCAO: O estudo das questões ligado as desigualdades raciais é um desafio proposto a se enfrentar. No Brasil os fatos da temática afro-descendente é um objeto de estudo que esteve por muito tempo seu alcance e interesses limitados, mais que com os debates e discussões vem progressivamente ganhando espaço e rompendo com os paradigmas preconizados pela discriminação racial. As políticas públicas de reconhecimento e implementação da cultura afro-descendente por muito tempo permaneceu enraizadas em pensamentos aristocratas, desprovidos de ideologias interculturais, permanecendo desvinculada das práticas educacionais. Incentivar e aprimorar o reconhecimento dessa cultura vinculada aos parâmetros educacionais no Brasil é um desafio atual, a maioria das escolas não conta em seu projeto político pedagógico ações concretas que viabilize parâmetros de implementação da cultura afro-brasileira em seu contexto de ensino-aprendizagem. Os livros escolares não contribuem para uma educação que contemple a diversidade dos alunos, neles negros são sempre escravos passivos e nunca sujeito da história. A população negra só aparece em livros didáticos que trata do Brasil colônia, fora desse período histórico, simplesmente não é retratada. Nesta concepção, as ideologias afro-brasileiras permaneceram estáticas, somente nos últimos anos, com a democratização das políticas educacionais é que essas concepções ideológicas passaram a conquistar espaço perante a sociedade. Portanto, apesar dos avanços e conquistas no sentido de reconhecimento e implementação da cultura afro-descendente no currículo escolar, essa concepção coloca se ainda como paradigmas a ser questionado. ESTUDOS CULTURAIS E EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL: ALGUMAS POSSIBILIDADES A cultura é um referencial que identifica, promove e dá sentido as ações de um determinado grupo, como identidade ela não é uma qualidade ou um comportamento individual, mas um sistema de relação e significados na qual estamos ligados. Ela é intrínseca a um grupo social, e não pode estar presa ao indivíduo. Estudos Culturais pretendem que suas análises funcionem como uma intervenção na vida política e social e que ajudem os indivíduos a constituírem uma sociedade mais cidadã, que possam ter acesso a universidades, pois a partir do momento em que um indivíduo tem acesso a educação, se torna culto, aprende a ser crítico, passa a questionar o certo e o errado o justo e o injusto se tornando consciente de suas ações e conhecedor das ações que contribuem para a construção de uma sociedade mais crítica e democrática. A construção de uma sociedade democrática pressupõe investimento à longo prazo. É preciso que o país invista mais em educação e na formação dos jovens para se tornar cidadãos construtivos e conscientes de seus atos, agente de ações para a transformação da realidade. As tarefas urgentes e desafiadoras para aqueles que se dedicam a lutar pela alteração das relações de dominação e desigualdade existente é questionar os pressupostos do pensamento europeu que legitimam as relações de opressão, dominação e exclusão do outro. Nesse contexto abordamos o pensamento bipolar, que estabelece uma hierarquia entre os dois pólos, ou seja, não concebe a diferença sem a hierarquização. Tomamos como exemplo a história da escravidão no Brasil: contada nos livros didáticos sob a lente do colonizador sabemos que a partir de velhos conceitos históricos, muitas lições ensinaram que os negros vieram para o Brasil no período colonial trazidos pelos portugueses para trabalhar como escravos nas lavouras e nas minas, uma vez que os índios não se adaptaram ao serviço braçal e além dos mais eram criaturas bravas e os negros eram pessoas dóceis e fáceis de lidar. Estudos posteriores desmentiram essas idéias, mostrando que muitos fatos foram omitidos, os negros que aqui chegaram e eram escravizados, já possuíam o ofício de lavrador ou sabiam trabalhar com o bronze, o cobre ou a madeira. O que aconteceu na construção do Brasil é que a grande carga dos negros eram transportados da costa da Angola, onde os navios portugueses iam fazer mercantilismo e trafegavam com suas embarcações. Estas constatações são fundamentais para que se possa iniciar um novo aprendizado sobre a história africana e eliminar os preconceitos adquiridos num processo de informação racista que vigoraram ao longo da história. Esses acontecimentos recentemente passaram a ser questionadas, a história passa a ser resgatada e reescrita a partir de fundamentos históricos descentralizado de ideologias dominantes. Para reforçar esse resgate sócio cultural, as políticas educacionais e culturais passaram a valorizar o passado da cultura afro-descendente, suas crenças e ideologias, dando ao negro oportunidades de expressão e de se impor perante a sociedade como cidadãos críticos construtivos e livre, dotado de ideologias e conhecimentos. AS REPRESENTAÇÕES DA LINGUAGEM E A IDENTIDADE NEGRA A cultura e a linguagem estão entrelaçadas, não há como abordar uma sem a outra, ao se falar de cultura e linguagem não há limite territorial, ela não precisa de autorização para chegar a outro país, ela leva, traz e fomenta novas ideologias, promove a interação, junção de práticas de ideologias. Todas as culturas constituem-se em linguagens e códigos que cabe a nós decodificá-los. A forma como a linguagem verbal e visual é empregada em relação ao negro reforça os inúmeros significados pejorativos construídos ao longo da cultura escolar brasileira. A discriminação está presente desde as inocentes cantigas para ninar - “boi, boi, boi / boi da cara preta, / pega esta criança / que tem medo de careta” -, até na linguagem visual dos adesivos utilizados em acessórios de filmadoras, nos vídeos cassetes e nas fitas VHS magnéticas. A figura abaixo é um selo-adesivo que acompanha uma fita de vídeo cassete marca EMTEC. As mascara em preto e brancos revelam o retrato de uma sociedade que adquiriu preconceito perante a um objeto. Existem crendices que tornam o culto ao negro ainda mais sombrio revelando sua cultura como, por exemplo, o candomblé associado ao mal. A figura acima do Minotauro revela uma Anastácia muito mais escura do que poderia ser, pois as crianças já têm a idéia de que a escrava é negra, retrata uma serventia ao vassalo. As mulheres negras desta época eram transformadas em criada e trabalhavam nas casas dos patrões, pois assim como seus marido, as mesmas tinham um vasto conhecimento na culinária e ainda serviam de aperitivos para seus patrões que abusavam dessas criadas que acabavam ficavam grávidas, dando origem assim a grande miscigenação de raças. Nesta figura acima mostra uma negra alegre onde a mesma punha pra fora toda sua felicidade nos afazeres domésticos, causando espanto nas pessoas ao seu convívio. Seus traços físicos são enfatizados, boca carnuda o cabelo enrolado, corpo aparentemente esbelto, mostrando os traços da mulher brasileira. Essa foto mostra a grande humilhação com o negro submetido aos seus criados. Quando uma criança atingia certa idade ela ganhava seu escravo que servia para satisfazer todos os seus pedidos. A exemplo disso temos em “Memória Póstuma de Brás Cuba”, a história de um menino branco que faz de seu criado um cavalinho, submetendo a condições de um animal. Nos dias atuais podemos contar com a participação do negro como ator principal em vários filmes e novelas como, por exemplo, Tais Araújo da novela viver a vida que representa o primeiro papel de Helena negra do produtor Jayme Monjardim, onde este negro teve seu valor reconhecido; na política também com vários lideres mundiais e em muitos outros setores em todo contexto mundial. É preciso frisar também que o preconceito acontece com todas as raças não somente com os negros, devemos mesmo é excluir todos os preconceitos e nossos pré-conceitos enraizados em nossa cultura. A CULTURA E O CURRÍCULO ESCOLAR: MECANISMOS DE CONSTRUÇÃO/RECONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA? Com a criação e implementação da lei 10.639/03 a cultura afro-descedente passou a ser legitimado dentro do currículo escolar como mecanismo de reconhecimento e resgate das ideologias e identidade cultural. Na construção desse resgate sócio-histórico além dos livros e outros materiais didático, o reconhecimento e a valorização do contexto cultural, as experiências e o conhecimento que os estudantes trás, se faz fundamental na valorização da cultura. Apesar dos avanços no reconhecimento da cultura afro-descendente no contexto escolar, ainda são abordadas de forma muito simplista, não há materiais apropriado a esse resgate, poucos livros didáticos enfatizam a cultura afro e quando aborda não trás nenhum aprofundamento sócio-histórico e cultural, a maioria das abordagens são carregadas de ideologias de grupos dominantes. Nas instituições de ensino superior ainda pouco se estuda sobre cultura afro-descendente. Para valorizar essa implementação, precisamos de políticas de descentralização de culturas dominantes e reconhecimento das culturas regionais e africanas no contexto do currículo escolar. Pouco se estuda sobre a linguagem e a cultura dos povos de origem africana que fizeram parte da colonização do Brasil; temos os sudaneses, do golfo da Guiné, do Senegal e da Nigéria, os bântus, originarios do Congo, da Angola, de Moçambique e do norte da África do Sul e outros povos de origem africana. Todos esses povos trouxeram consigo suas culturas e sua língua de origem, formando comunidades com língua diversas faladas no Brasil, além da língua de centenas de grupos indígenas que cultivavam suas culturas e origem. Todo esse contexto de cultura foi descredenciada perante uma ideologia de cultura européia dominante com suas concepções de moral, valores, costumes, religiosidade, conhecimentos e métodos pedagógicos, trazidos pelos portugueses, incluindo a linguagem oficial nas regras da escola nas relações sociais na seleção e apresentação do conhecimento escolar. Nesse contexto de desigualdade social no ensino brasileiro, podemos perceber que o maior índice de desemprego de evasão escolar ainda esta entre os negros, apesar de todos os avanços e esforços de reconhecimento e valorização do negro ainda a média de desempenho escolar é baixa em relação aos alunos brancos. No sentido de redefinir a educação através dos enfoques dados pelos estudos culturais, as faculdades de educação e as escolas são mecanismos fundamentais e suas ações devem ser ações para a libertação; libertação do indivíduo de todas as formas de discriminação e preconceitos e com políticas educacionais direcionada ao resgate histórico da cultura afro e a valorização da identidade cultural. A escola como interação social tem a função de prover a democratização do sistema de ensino visando o resgate histórico-social e o reconhecimento das diversidades culturais. Essas diversidades culturais devem ser trabalhadas com as crianças desde quando ela ingressa na escola, por profissionais capacitados que possam compreender que existem culturas diferentes, porém não desiguais e que o respeito às diferenças são condutas indispensáveis. Os estudos culturais podem contribuir para a construção de uma sociedade mais democrática, portando para que isso aconteça deve se acreditar que é possível transformar, e juntos promover ações de libertação, transformação e construção de uma sociedade mais digna e democrática.

SEMIÓTICA E LEITURA: O FAZER-RECEPTIVO DO LEITOR ANALISTA

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE AJES – ASSOCIAÇÃO JUINENSE DO ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA DISCIPLÍNA: SÓCIO-SEMIÓTICA DOS ESTUDOS LITERÁRIOS SEMIÓTICA E LEITURA: O FAZER-RECEPTIVO DO LEITOR ANALISTA JUINA/MT OUTUBRO/2009 INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA – ISE AJES – ASSOCIAÇÃO JUINENSE DO ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU (LINGUISTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA) DISCIPLÍNA: SÓCIO-SEMIÓTICA DOS ESTUDOS LITERÁRIOS
       
 LUIZ CARLOS MOREIRA RAMO MANTOVANO SEMIÓTICA E LEITURA: O FAZER-RECEPTIVO DO LEITOR ANALISTA Trabalho apresentado para o Curso de Pós Graduação Lato Sensu LINGUISTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA como requisito para complementação da disciplina (SÓCIO-SEMIÓTICA DOS ESTUDOS LITERÁRIOS) Prof. Ms. Aroldo de Arruda JUINA/MT OUTUBRO/2009
INTRODUÇÃO A SEMIÓTICA
A semiótica surgiu há 2.500 anos, como mecanismo para traduzir o significante das teorias religiosas e hoje é considerada a ciência que estuda os signos. A explicação da semiótica na idade média surge no ciclo vicioso, teoria desenvolvida por Platão sobre o mito de ER na qual tem-se no plano espiritual a alma e o plano terreno o corpo. Para Platão, o mito de ER era uma alma rebelde que não bebe da água do esquecimento na transformação do corpo para a alma. Nesse mito a alma que bebe da água do esquecimento reencarna como uma nova alma sem se lembrar dos acontecimentos do passado, purifica em uma nova encarnação. ER não bebeu a água do esquecimento e conhece o significado de não beber a água, colocando em prática o ciclo vicioso. Aurélio Augusto /Santo Agostinho é o homem que teorizou o ciclo vicioso (teologia). Para a teologia a alma deixa o corpo de descasa com Deus, não retorna para terra reencarnada em outro corpo. Um dos escritores que faz a crítica em relação a esse aspecto é Humberto Eco com o livro “Em nome da rosa” e Alan Cardec que escreveu o evangelho segundo o espiritismo e depois bebeu a água de Santo Agostinho e Platão. ESTUDO DA SEMIÓTICA Objeto de estudo: signo e semiose. Dentre esses estudos temos: Tese: a afirmação, Antítese: a negação da afirmação(tese), Síntese: a negação da negação dando origem a uma nova afirmação. A semiótica é ciência que estuda tudo sobre a ótica do signo. Nessa abordagem destacamos alguns pensadores que explicam a existência da semiose. Para Immanuel Kant o indivíduo deve preservar tudo que é de bom e ruim, (o principio das coisas) a essência que esta no significante. Humberto Eco (1832) traduz os signos dentro do clero para publicar só o que lhe interessava. Charles Sander Peirce Afirma que signo é a causa mediata e o objeto e a causa mediana. Ferdinand de Saussurre em suas abordagens faz uma Relação didática, entre signos e contexto. Para ele significado é uma imagem acústica. Para Morris e Greimas existe a relação triádica que seria o interpretante (signo) e objeto: Em sua categoria universal, classifica os signos seguindo três categorias: 1- primeiridade (abstrato, possibilidade), 2- seguridade (concreto, choque, conflito). 3- Terceridade (abstrato, regra, padrão, generalização) Para funcionar como signo, são necessários três peculiaridade (sua mera qualidade: quali-signo, sua existência: semi-signo, seu carater de lei : legi-signo. São três propriedades comuns a todas as coisas: pela qualidade pode ser signo, pela existência tudo é signo e pela lei tudo deve ser signo. Na comunicação temos: Ícone (primeiridade) é sempre uma representação de algo que mexe com nosso imaginário e abstrato, uma inquietação. Índice (secundidade) gera conflito está diante daquilo que foi apresentado abstratamente (conflito) ex: eu quero passar em Minas Gerais e minha esposa quer passar Santa Catarina, há um conflito entre as ideias. Símbolo (terceiridade). ex: aliança é o símbolo da união Semiótica é doutrina formal dos signos O homem como ser de linguagem (existem ainda hoje 3500 línguas naturais distintas. A língua e seus discursos constituem em conjunto, um processo semiótico que produz, sustenta e reflete o sistema de crenças, o imaginário coletivo e o Saber compartilhado sobre o mundo. Teoria geral dos signos A semiose é um processo de revelação que envolve em sua natureza possibilidade de engano ou atração. Todo método que revele algo (alguma verdade sobre o mundo, ou alguns aspectos sobre o mundo ou algum campo). Na teoria de Pierce o mundo é uma cadeia de signos a ser elucidada pelos homens e o homem um signo a ser compreendido por ele mesmo. ESTUDO DO ARTIGO NERIS, Leandro de Oliveira: Semiótica e leitura: o fazer-receptivo do leitor analista (USP-FFLCH/DL). Estudos Semióticos - número dois – 2006. ANÁLISE CRÍTICA. Este artigo objetiva investigar a partir de uma analise semiótica, do fazer respectivo do aluno, questões concernentes à leitura e interpretação de textos literários. Na primeira citação PROUST, M. diz que o (romancista) desencadeia em nós, durante uma hora, todas as venturas e todas as desgraças possíveis, algumas das quais levaríamos anos para conhece-lá e outras as mais intensas dentre elas que jamais nós conseguimos revelar, pois a lentidão com que se processam nos impede de percebê-las. PROUST, M nos mostra através dessa citação que um texto ou uma obra pode estar muito além de nossa capacidade de compreensão, que às vezes levaríamos anos ou passamos a vida toda e não conseguimos compreender. E que só através da leitura que podemos perceber isto, que podemos ter a noção dessa dimensão. As investigações deste texto esta pautadas em investigar a leitura e interpretação de textos literários de alunos do 3° ano do ensino médio que mostra que as práticas pedagógicas vigente das escolas brasileiras não estão preparadas para desenvolver as competências e habilidades para a leitura e interpretação de texto. Os alunos terminam o segundo grau sem desenvolver um saber-interpretar. Este texto coloca o sujeito leitor e intérprete no centro de nossas preocupações e nos faz retomar as inquietações: Qual é a competências dos alunos para ler e interpretar? As práticas pedagógicas vigentes estão desenvolvendo nos alunos essas habilidades? E busca analisar o que se lê e como se lê por meio dos textos. Os alunos do 3º ano do ensino médio, pela sua longa trajetória de escola deveriam ter a competência de interpretação dos mais diversos tipos de textos, más não é isso que acontece na realidade. A maioria das aulas de interpretação consistem em responder questionário com perguntas que não representam nenhum desafio intelectual ao aluno e não contribui para o entendimento global do texto. Temos em sala de aula professores que não incentivam a leitura e se esconde atrás de certos tipos de avaliação para que não seja avaliado pelo aluno nem mesmo seja questionado, produz questões fáceis para que os alunos não atinjam um nível crítico, pois, para tornar um aluno crítico o professor tem que ser crítico, tem que estar preparado para ser cobrado. Este trabalho teve como suporte teórico a Teoria Semiótica da escola de París e elementos dos estudos de D. Maingueneau e de M. Bakhtin. Para a teoria semiótica, a leitura é essencialmente uma semiose, uma atividade primordial cujo resultado é correlacionar um conteúdo a uma expressão dada e transformar uma cadeia de expressão em uma sintagmática de signos. Tal performance pressupõe uma competência do leitor, comparável, ainda que não necessariamente idêntica, à do produtor do texto. Se, no momento da leitura normal, o fazer receptivo e interpretativo do enunciatário-leitor continua implícito, sua explicitação, sob forma de procedimentos de análise estabelecidos, tendo em vista a reconstrução do sentido, constitui tarefa da semiótica. Nessa perspectiva, entende-se por leitura a construção, ao mesmo tempo sintáxica e semântica, do objeto semiótico que explica o texto-signo. (GREIMAS, COURTÉS, s/d [1983]: 251-252). Nessa citação GREIMAS, diz que a competência do leitor analista vai muito além da simples leitura. O leitor ao ler produz seu próprio texto através da interpretação de inferências implícitas deixadas pelo produtor do texto. A partir deste conceito estabelecido pela semiótica julgamos necessário distinguir inicialmente duas posições frente à leitura: uma é observar o leitor inscrito no texto, visto pela semiótica como a figura do enunciatário e outra esta voltada para a ação externa considerando o leitor no momento da leitura. Leitor analista “o fazer-recepitivo”. Inicialmente convém estabelecer parâmetros que situem a realização deste trabalho, é necessário que seja usado um texto curto para que os alunos possam entender lendo e relendo o texto. A intenção é fazer com que os alunos desta série tornem-se mais leitores e que ao interpretar um texto o aluno tem de conhecer o tipo de texto que está sendo lido. No discurso há duas formas lingüísticas: o enunciador e o enunciatário. O fazer interpretativo do enunciatário que responde ao fazer persuasivo do enunciador, o enunciador propõe um contrato que estipula como o enunciatário deve interpretar a verdade do discurso e a interpretação depende, assim, da aceitação do contrato. O parecer verdadeiro é interpretado como ser verdadeiro, a partir do contrato de veridicção assumido. (BARROS, 1988: 94) Para a semiótica o leitor real está fora de seu horizonte teórico, deve-se tentar apreendê-lo, "semiotizar o ato de leitura" estudando o fazer-receptivo sob a descrição semiótica. Abaixo teremos o texto “Presente dos Reis Magos” e uma interpretação mais profunda do ponto de vista da semiótica. Produção escrita – texto analítico de um aluno da 3ª série do ensino médio, tendo como suporte a leitura do conto “Presentes de Reis Magos” do escritor O. Henry. Presentes de Reis Magos é um texto que nos mostra a dificuldade de dois jovens, que fazem de tudo para agradar um ao outro. Moram em um pequeno apartamento, mobiliado por apenas oito dólares semanais, bem pobre. A história que ocorre na véspera de Natal, nos passa a mensagem de companheirismo, o sacrifício que às vezes passamos para agradar as pessoas que gostamos muito Mas, infelizmente, o sacrifício que Della fez por Jim - o de cortar o seu lindo cabelo - não vale a pena; já que a corrente de platina que serviria como suporte para o belo relógio de Jim, de nada serviria; infelizmente ele havia vendido seu relógio para também agradar sua esposa. Della ganha o presente que tanto queria, os pentes que tanto namorara na vitrine da loja; enquanto seu marido acabou com um presente que parecia ser bonito, mas de nada serviria. Mas o que realmente importa, nem sempre é o presente si, mas sim a intensão, o amor, o carinho que leva a pessoa a dá-lo A partir deste texto interpretativo podemos detectar e assimilar os pontos de estímulos dados pelo texto. No primeiro ao terceiro parágrafo temos a representação do ícone, representada pelo Papai Noel e os presentes que foram dados pelos Reis Magos. Temos também a tese que é a afirmação da história e onde ocorreu. No quarto parágrafo temos índice, onde começa a acontecer os conflitos e antítese que seria a negação da tese dada no início no uso da palavra “mas” que tem o papel de indicar uma contrariedade. No fim do texto temos novamente a palavra “mas” indicando a contrariedade ou síntese que consiste em uma conclusão para o interpretador que a entendeu, mais ainda abstrata para o leitor que ficou no vago. A síntese é a negação da negação e que dá forma a uma nova afirmação. Temos neste ultimo trecho o símbolo “o amor”. Para fazer uma interpretação é necessário que os alunos aprendam todos os requisitos de uma boa leitura e que o professor elabore suas aulas para não ficar somente em perguntas respostas, deve fazer com que os alunos busquem as inferências inscritas no texto. Nesse texto interpretativo descrito pelo aluno, podemos detectar e assinalar os pontos de estímulo e as inferências dados pelo texto de O. Henry , percebidos por nosso leitor. Como e por que nosso leitor observou temas e figuras do discurso? Como a questão da pobreza, do sacrifício e da abdicação dos bens materiais em virtude do amor é percebida? As estruturas do texto são entendidas como a matriz básica para a interação entre texto e leitor. A constituição do texto do aluno se dá através do entrelaçamento de seu universo de consciência discursiva com o do texto lido, isto é, o aluno interpreta o texto de acordo com suas experiências de mundo e sua produção interpretativa aluno é sustentada no texto que lhe deu origem. O sacrifício foi verificado pelo percurso passional que explicita a relação dos sujeitos e seus objetos, em que os sujeitos tiveram que vender o que tinham de mais valioso para agradar um ao outro. Em nossa amostra, o aluno não apresentou indícios de um apoio em um aparato teórico-metodológico adequado para descrever a gramática interna do texto. Ele apresentou suas reais competências adquiridas ao longo do percurso escolar para interpretar o texto literário proposto. Tais competências dizem respeito, fundamentalmente, a um "saber parafrasear", em que não há uma análise da linguagem. Presentes de Reis Magos é um texto que nos mostra a dificuldade de dois jovens, que fazem de tudo para agradar um ao outro, moram em um pequeno apartamento, mobiliado por apenas oito dólares semanais, bem pobre. A história que ocorre na véspera de Natal, nos passa a mensagem de companheirismo, o sacrifício que às vezes passamos para agradar as pessoas que gostamos muito. A paráfrase deve ser concebida como um dos dois modos de produção e de reconhecimento da significação e mais precisamente, como o modo paradigmático, em oposição ao modo sintagmático, que consistiria na sua apreensão enquanto intencionalidade. Greimas e Courtés (s/d [1983]: 326). Parafrasear é descrever o próprio texto com outras palavras seguindo as estrutura organizacional sem perder a semântica do texto origem. Para produzir uma paráfrase o leitor tem que ter a competência de reconhecer as inferências inscritas no texto. No texto “Presente Dos reis Magos”, o aluno demonstra suas competências em parafrasear e descreve essas inferências de acordo com o conhecimento que já tem adquirido em seu meio social.

O PENSAMENTO DE LABOV NA SOCIOLINGUÍSTICA E AS CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLINGUÍSTICA EDUCACIONAL PARA O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM

INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA - ISEAJES - ASSOCIAÇÃO JUINENSE DO ENSINO SUPERIOR DO VALE DO JURUENACURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSULINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESAE LITERATURA BRASILEIRADISCIPLÍNA: SOCIOLINGUÍSTICA O PENSAMENTO DE LABOV NA SOCIOLINGUÍSTICA E AS CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLINGUÍSTICA EDUCACIONAL PARA O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM Prof. Ms. Dirley Aparecida Zolletti Zanerato JUINA/MTDEZEBRO/2009O PENSAMENTO DE LABOV NA SOCIOLINGUÍSTICA E AS CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLINGUÍSTICA EDUCACIONAL PARA O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM 


Luiz Carlos Moreira Ramo Mantovano

RESUMO: Este texto apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre a introdução a sociolinguística cujo objeto de estudo direciona-se ao pensamento de Labov na sociolinguística e as contribuições da sociolinguística para o processo ensino/aprendizagem. Serão abordados os fatores da língua enquanto interação social, em seu contexto sócio-histórico.
PALAVRAS-CHAVE: sociolinguística; língua; variáveis linguísticas; ensino/aprendizagem. ABSTRACT: This text introduce a bibliographic research about the introduction in the sociolinquistic whose object of study is directed to thought of Labov in the sociolinguistic and the contributions in the sociolinguistic to the process of teaching learning. will be approached the factors of language while social interaction in their context sociohistorical. KEYWORDS: sociolinguistics research; linguistics variables; teaching/learning.
INTRODUCÃOSociolinguística é a ciência que estuda a língua na perspectiva de sua estreita ligação com a sociedade onde se origina. Se para certas vertentes da linguística é possível estudar a língua de forma autônoma como entidade abstrata e independente de fatores sociais, para a sociolinguística a língua existe enquanto interação social, criando-se e transformando-se em função do contexto sócio-histórico. Desenvolvida em grande parte por William Labov (1969, 1972, 1983), a sociolinguística permitiu o estudo científico de fatos linguísticos excluídos até então do campo dos estudos da linguagem, devido a sua diversidade e consequente dificuldade de apreensão. Através de pesquisas de campo, a sociolinguística - inspirada no método sociológico - registra, descreve e analisa sistematicamente diferentes falares, elegendo, assim, a variedade linguística como seu objeto de estudo.A sociolinguística estuda a variedade linguística a partir de dois pontos de vista: diacrônico e sincrônico. Do ponto de vista diacrônico (histórico), o pesquisador estabelece ao menos dois momentos sucessivos de uma determinada língua, descrevendo-os e distinguindo as variantes em desuso (arcadismos). Do ponto de vista sincrônico (mesmo plano temporal), o pesquisador pode abordar seu objeto a partir de três pontos de vista: geográfico (ou diatópico), social (ou diastrático) e estilístico (contextual ou diafásico). A perspectiva geográfica é horizontal, ou seja, implica o estudo dos falares de comunidades linguísticas distintas em espaços diferentes, mas em um mesmo tempo histórico. Os dialetos ou falares dessas comunidades produzem os regionalismos. Os estudos de caráter geográfico distinguem uma linguagem urbana - cada vez mais próxima da linguagem comum - de uma linguagem rural, mais conservadora, isolada, em gradual extinção devido em grande parte ao avanço dos meios de comunicação, que privilegiam a fala urbana.A perspectiva social é vertical, ou seja, implica o estudo dos falares de diferentes grupos dentro de uma mesma comunidade. Os falantes são agrupados principalmente por nível sócio-econômico, escolaridade, idade, sexo, raça e profissão. Desta perspectiva, observa-se e analisa-se a distinção entre um dialeto social/culto (considerado a língua padrão) - que é preso à gramática normativa, a língua ensinada nas escolas e que está em estreita conexão com o uso literário do idioma e com situações de fala mais formais - e um dialeto social/popular (considerado subpadrão) - mais ligado à linguagem oral do povo e às situações menos formais de comunicação.Sob a perspectiva estilística, por sua vez, o pesquisador estuda o uso que um mesmo falante faz da sua língua. Considera que o falante realiza suas escolhas influenciado pela época em que vive, pelo ambiente, pelo tema, por seu estado emocional e pelo grau de intimidade entre interlocutores. Tais fatores determinam a escolha do registro (ou nível de fala) a ser utilizado pelo falante quanto a: grau de formalismo (uso mais ou menos formal da língua); modo (língua falada ou escrita); e sintonia (maior ou menor grau de tecnicidade, cortesia ou respeito à norma, tendo-se em vista o perfil do interlocutor).
SOCIOLINGUÍSTICA E HISTÓRIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO Há mais de duas décadas estudos sobre concordância verbal (CV) têm sido desenvolvidos por linguistas brasileiros motivados por preocupações diversas, mas que compartilham uma idéia comum que pode ser assim formulada: a realidade linguística brasileira não é apenas variável e heterogênea, mas também é plural, na medida em que no Brasil, coexiste, ao lado de uma variedade culta, padrão, uma outra variedade, dita não-padrão, popular, vernacular. Estudos sobre aplicação/não-aplicação da regra de concordância verbal no português não-padrão foram realizados por, entre outros, Lemle e Naro (1977), Naro (1981), Guy (1981), Bortoni-Ricardo (1981 e 1985), Assis (1988), Baxter e Lucchesi (1993), Mello (1996), todos eles baseados no pressuposto de que português popular brasileiro, ou não padrão, ou vernáculo brasileiro, é aquela variedade utilizada por brasileiros do mundo rural ou do mundo urbano, analfabetos ou de baixo nível de escolarização e letramento.
O PENSAMENTO DE LABOV NA SOCIOLINGUÍSTICANa década de sessenta surgiram os primeiros resultados das pesquisas de Labov sobre as relações entre linguagem e classe social, e sobre as variedades do inglês não-padrão que eram usadas por diferentes grupos étnicos dos Estados Unidos, particularmente por negros e porto-riquenhos da cidade de Nova Yorque. Dedicando-se à pesquisa sociolingüística, seguindo um modelo quantitativo, e preocupado especialmente com a descrição das variações linguísticas numa mesma comunidade de fala, Labov insistiu repetidas vezes nas contradições entre os resultados de suas pesquisas e a teoria da deficiência linguística, ele dedicou a lógica que atribuía à privacidade linguística que eram as dificuldades de aprendizagem, na escola, das classes menos favorecidas.A comunidade de fala não se define por nenhum acordo marcado quanto ao uso dos elementos da língua, mas, sobretudo pela participação num conjunto de normas estabelecidas. Tais normas podem ser observadas em tipos claros de comportamento avaliativo e na uniformidade de modelos abstratos de variação, que são invariantes com relação aos níveis particulares de uso. (Labov, 1968). Assim, para Labov, a forma em que o indivíduo se expressa não deve ser aplicada a um grupo de falantes que utilizam, mas sim a um grupo seguidor das mesmas normas relativas ao uso da língua. Como por exemplo: uma comunidade de idosos não pertencem a mesma comunidade dos mais jovens, pois o vernáculo é propriedade de um grupo, não de um indivíduo sozinho.Todavia, Labov não aceita o conceito de deficiência linguística, que considera um "muito" sem nenhuma base na realidade social como, por exemplo, a afirmação de que as crianças das periferias vivem num contexto de privação linguística onde recebem pouca estimulação verbal, ouvem uma linguagem mal estruturada e, por isso, são capazes de tornarem linguisticamente deficientes, é inteiramente falsa; ao contrário afirma o próprio Labov, que as crianças das periferias recebem multa estimulação verbal e essas afirmações são documentadas em pesquisas por ele e outros pesquisadores linguistas.Portanto, ao reconhecer a variação dos fatos linguísticos, a sociolinguística abre perspectivas para a compreensão da variação de outros fatos, como, por exemplo, na abordagem sobre a norma linguística. Quando falamos de norma padrão, estamos falando negando a heterogeneidade da língua e abstraindo a língua, homogeneizando-a para evitar o trabalho de lidar com fatos variáveis. Pois a língua não é uma abstração ao contrário ela é tão concreta quanto ao seres humanos. A partir dos estudos de Labov e dos postulados de Weinreich, Labov e Herzog (1968), surge a Sociolinguística Variacionista, conhecida também como Teoria da Variação e Mudança, tendo por objetivo descrever a variação e a mudança linguística, levando em consideração o contexto social de produção, observando o uso da língua dentro da comunidade de fala, e utilizando um método de análise quantitativa dos dados obtidos a partir da fala espontânea (na medida em que isso é possível) dos indivíduos, ou seja, do vernáculo, estilo em que o mínimo de atenção é dado ao monitoramento da fala (Labov, 1972, p. 208).Willian Labov ocupou-se com estudos voltados para a relação entre língua e sociedade, com a intenção de sistematizar as variações existentes na língua falada por meio de pesquisas que consideram fatores extralingüísticos, tais como classe social, idade, sexo, escolaridade, entre outros que pudessem demonstrar a interdependência entre o conteúdo lingüístico dos falantes e o meio social em que vivem.Essa concepção se consagrou a partir de sua primeira pesquisa, realizada em 1963, na Ilha de Martha's Vineyard, no Estado de Massachusetts (EUA), na qual passou a investigar sobre o inglês falado naquela ilha, constatando por meio da Teoria da Variação, e utilizando um método, até então inédito, para ressaltar o papel crucial dos fatores sociais na explicação da variação linguística: o método teórico-metodológico, que propõe analisar e interpretar os fenômenos linguísticos no contexto social por meio de estatísticas.Segundo Labov (1983) (2), a variação existe em todas as línguas naturais humanas, é inerente ao sistema linguístico, ocorre na fala de uma comunidade e, inclusive, na fala de uma mesma pessoa. Isto significa que a variação sempre existiu e sempre existirá, independente de qualquer ação normativa. Assim, quando falamos em Língua Portuguesa estamos falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades. E mesmo havendo no Brasil uma aparente unidade linguística e apenas uma língua nacional, é possível observar variação em diversos níveis da estrutura linguística.Para compreender esses diversos niveis da estrutura linguística, há três termos importantes para a sociolinguística que devem ser estudado e que podem ser facilmente confundidos entre si:Variedade - a variedade é o termo que corresponde ao termo dialeto. Assim, por exemplo, as variedades do português setentorial são os dialetos do português falado no norte de Portugal. A variedade standard é o padrão linguístico de uma comunidade. Sociolinguisticamente, é comum encontrar a variedade standart junto dos centro de decisão e de poder de uma comunidade. Assim, em Portugal, a variedade standart é a falada na região de Lisboa. Contudo, na comunidade linguística do Brasil a variedade standart está associada às variedades de várias capitais estaduais. Cada variedade linguística tem uma gramática própria igualmente válida. Dentro de cada grupo sociais com traços proprios de varieade linguística há variações internas em função dos vários critérios: idade, sexo, escolaridade, etc.Variante - o termo variante é utilizado nos estudos de sociolinguística para designar o item linguístico que é alvo de mudança. Assim, no caso de uma variação fonética a variante é o alofone. Representa, portanto, as formas possíveis de realização. No entanto, na linguística geral, o termo variante dialetal é usado como sinónimo de dialeto.Variável - a variável é o traço, forma ou construção linguística cuja realização apresenta variantes observadas pelo investigador.
CONTRIBUIÇÕES DA SOCIOLINGUÍSTICA EDUCACIONAL PARA O PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM. O estudo e o conhecimento advindo dessa corrente pode contribuir para melhorar a qualidade do ensino da Língua Portuguesa porque trabalha sobre a realidade linguística dos usuários dessa língua, levando em conta além dos fatores internos à língua (fonologia, morfologia, sintaxe, semântica) também os fatores de ordem externa à língua (sexo, etnia, faixa etária, origem geográfica, situação econômica, escolaridade, história, cultura, entre outros). As pesquisas fundamentadas na sociolinguística educacional mostram que é possível desenvolver práticas de linguagem significativas, no sentido de incluir alunos oriundos das classes sociais menos favorecidas, fazendo com que esses alunos deixem de se sentir estrangeiros em relação à língua utilizada pela escola, e com isso consigam participar de forma satisfatória das práticas sociais que demandam conhecimentos linguísticos diversos. Diferentemente dos alunos oriundos das classes mais abastadas, cuja variedade de língua é também a variante de prestígio, e também a que é ensinada na escola, a maioria dos alunos das classes menos favorecidas além de ter que, praticamente, aprender uma nova língua, não tem sua variedade de língua valorizada e muito menos colocada como objeto de estudo na sala de aula. O que se observa é que, muitas vezes, os alunos usuários das variedades populares são discriminados em função da sua maneira de falar. Por outro lado, as dificuldades que esses alunos apresentam em relação às atividades linguísticas são tratadas como se estas ocorressem em função da falta de capacidade dos alunos, quando na verdade tais dificuldades estão relacionadas ao desconhecimento da escola em relação às variedades linguísticas existentes no Brasil, que tenta trabalhar a língua materna como se esta fosse algo estático, puro, homogêneo, uniforme ou até mesmo intocável como defendem muitos gramáticos. Na verdade, a Língua Portuguesa, como todas as outras línguas humanas, é para ser compreendida como um organismo vivo, heterogêneo, passível de variação e mudança, que sofre a influência de vários fatores linguísticos e não linguísticos. Isto significa que a nossa língua não está pronta, que não é neutra ou mesmo algo inerte que se possa colocar numa forma, mas algo que se encontra em permanente processo de variação, e que expressa a diversidade dos grupos sociais que a falam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos sobre o pensamento de Labov, enquanto modelo sociolinguístico tem sido de grande importância para investigar dados sobre língua e fatores sócio-culturais, portanto são duas realidades que se interelacionam de uma forma que é impossível pensar na existência de uma sem a outra. Como a Sociolinguística foi desenvolvida em grande parte por William Labov (1969, 1972, 1983), permitiu o estudo científico de fatos linguísticos excluídos até então do campo dos estudos da linguagem, devido a sua diversidade e consequente dificuldade de apreensão. Através de pesquisas de campo, a sociolinguística - inspirada no método sociológico - registra, descreve e analisa sistematicamente diferentes falares, elegendo, assim, a variedade linguística como seu objeto de estudo. Sendo que a grande contribuição das idéias labovianas é, sem dúvida, o avanço dos estudos sociolinguísticos. Dentre esses avanços destaca-se a importância de estudar a língua como objeto de construção social, considerando a singularidade do ser humano, tanto como a língua, o respeito às variações sociais, regionais, geográficas, sem estigmas de "certo" e "errado" e sim, conferir a língua como o estudo do discurso enquanto expressão linguística e social no ato da comunicação. REFERENCIAL TEÓRICOMOLLICA, M. Cecilia; Maria Luiza Braga. Introdução à sociolingüística: o tratamento da variação - São Paulo: Contexto, 2004LABOV, W. "Social stratification of English". Language 45: 315-29, 1969.Sociolinguistic patterns. University of Pennsylvania Press, Philadelphia, 1972.MARCELLESI, J.B. e GARDIN, B. Introdução à sociolinguística. Lisboa, Aster, 1975.PRETI, D. Sociolinguística. São Paulo, Edusp, 1994.TARALLO, F. A pesquisa sociolingüística. São Paulo, Ática, 1985.TRUDGILL, P. Sociolinguistics: an introduction. Great Britain, Penguin Books, 1974.http://www2.fcsh.unl.pt/edtl/verbetes/S/sociolinguistica.htm ; 01/12/ 2009 às 8:30 horashttp://www.webartigos.com/articles/16260/1/reflexes-acerca-das-contribuies-de- labov/pagina1.html; 01/12/2009 às 10:15 horas.